quinta-feira, 8 de abril de 2010

Tentando por pingos nos "is"


Recebi e-mail do grupo DiploArte (DA) que indicava um certo desconforto com os comentários que o grupo Fundo de Garagem (FG) fez na atividade "Blog da vez":
(...) pedimos (...) [cautela] com as postagens no nosso blog, [pois] estamos (inclui a sala) sendo vistos por muitos lugares (...) (por 17 cidades). Não sei se entenderam a dimensão do que é o blog ainda. 
Queremos evitar discussões online de coisas pequenas, (...) [que não ajudam ninguém] (...) [como]  a questão dos marcadores. Nós monitoramos o nosso blog em todos os seus quesitos, incluindo quantas vezes entraram em cada postagem. (...) Foi a melhor maneira de saber o que mais interessa aos leitores. Tem postagens nossas que já foram visitadas mais de 600 vezes mesmo sendo tão poucas. Enquanto as postagens forem poucas vamos continuar do jeito que (...) acharmos melhor.
Não queremos entrar em debates arquivísticos pela internet, pois a escrita é falha, e provoca muitos e muitos mal entendidos difíceis de reparar depois.
Já avaliaram o blog, agradecemos a sinceridade, de verdade, mas para dicas e outras coisas, quaisquer coisas, colocamos o nosso contato para isso, por favor façam por email.
Agradecemos a preferência e voltem logo.
Não sei se houve algum outro comentário mais jocoso ou mais ofensivo do FG ao DA do que o que acabei de ver no blog minutos atrás. Alguns coments aparecem deletados. Não achei nada de grave no que vi agora. Pelo contrário: fortalece a discussão e mostra (para as mais de 17 cidades que acesssam o blog) como é o processo de discussão acadêmica. Lembrem-se que esses blogs são, ANTES DE TUDO, instrumentos didáticos. As críticas construtivas, mesmo que postadas com acidez ou ironia devem ser publicamente assimiladas. Isso é a riqueza da universidade: o poder discordar. Se fosse para fazer uma coisa fechada não haveria necessidade de construirmos blogs públicos. 

É isso mesmo: construímos vitrines, que podem, potencialmente, serem apedrejadas. Faz parte do jogo. A discussão on-line e pública das coisas pequenas é o que mais ajuda no processo todo. Não sei se é um sinal dos tempos ou do ambiente "conspirativo" de Brasília, mas nunca vi uma rejeição tão grande aos processos de transparência como os que tenho presenciado na UnB, em todas as esferas.

Lembro-me quando Janice Gonçalves foi criticada na defesa de seu mestrado por ter colocado na dissertação os instrumentos que usou para coletar e analisar partituras musicais (a base empírica de sua pesquisa). O autor da crítica disse que esse tipo de instrumento a gente não fica mostrando para todo mundo, porque dá a impressão que o trabalho não é tão bom. Mesmo quem já teve o prazer de ouvir a Janice contra-argumentar, sempre com calma e simplicidade, iria ter se deliciado com a resposta dela, com argumentos brilhantes e lógica incontestável, que fez valer aquela opção metodológica.

Ah, mas ficar trocando opiniões sobre o que precisa ser melhorado vai "sujar" o produto final? Vai deixar aquele post perfeito, brilhante, imaculado cheio de marcas? Não vai ser aquele produto final limpo e clean? É verdade. FELIZMENTE, porque daí vai ser possível mostrar (para a classe, para as 17 cidades, para o mundo) que o processo de análise diplomática em blogs é árduo, cheio de idas e vindas etc. Lembrem-se que em Ciência, tão importante como o resultado final, é o caminho, o percurso metodológico.

Sim a escrita é falha. É mais falha ainda se não for praticada. Vez por outra acho inúmeros erros no que posto. Muitas vezes apontados por outrem. O que faço? Vou lá, corrijo, tento aprender para não repetir o erro. Outra coisa é a dinamicidade da escrita da Internet: dou 9 Tonhonhoins para a criação dessa unidade de avaliação de quesitos pelo FG.

Muitas vezes meus blogs são alvos de críticas (por sinal duas delas já foram rebatidas pelo Matheus: uma em 2009 e outra ontem). Já recebi sugestões para vetar comentários anônimos, para filtrar os comentários antes etc. Não! Liberdade de expressão não é só o direito de falar o que se quer, porém sujeitar-se a ouvir o que não quer e ter que lidar com isso. A melhor forma de fazê-lo é rebater com competência o que merece ser rebatido (não vou perder meu tempo com bobagens de anônimos sobre a greve) e melhorar o que tem que ser melhorado e, quem sabe, fazer uma segunda versão, agora "perfeita" daquele post que não estava tão maravilhoso assim, mostrando com honestidade e transparência o processo de elaboração.

Ciência é, ANTES DE TUDO, debate, que incluí até os miiiiiinimos detalhes...

Um comentário:

  1. Então galera. Analisei os comentários do FG no blog da vez, DA. Bem, como o Rodrigo já disse o FG fundamentou muito bem seus comentários e eu acrescento: foram ÉTICOS. Um dos pontos possitivos de trabalhar com blogs é que o aprendizado deixa de ser endógeno. A construção do conhecimento passa a ser vista, compartilhada e criticada. O blog dos meninos do DA está lindo! Dou 10 tonhonhois! Mas realmente pode melhorar em muita coisa.

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